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O ressurgimento dos discos de vinil veio para ficar?

Atualizado: 10 de nov. de 2024

Vendendo mais que o Cd desde 2022 os discos de vinil podem se considerar uma nova moda, mas uma moda para um grupo específico de pessoas


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Foto: Eric Krull/ Unplash

Vitor Pavan é professor de música há mais de 16 anos e diz sem pestanejar que o som da mídia digital é muito melhor que o som de um vinil. “Em termos de qualidade de áudio, é indiscutível que o áudio digital é melhor. O áudio digital é mais fiel, ele é mais, ele reproduz melhor o áudio real.” mesmo assim, os discos de vinil se encontram em uma fase de renascimento.


Segundo dados divulgados pela British Phonographic Industry (BPI) o aumento das vendas de vinil nos noves primeiros meses de 2023 aumentou em 13,2% em todo o planeta. Alguns meses atrás, o disco de vinil já havia superado uma batalha de 36 anos com o CD e agora continua a crescer.


Apenas no ano de 2023 foram vendidos mais de 3.952.262 LPs e álbuns. Com 1,237,620 sendo vendidos apenas no último quarto do ano. Apenas na Inglaterra, segundo a BPI, o aumento de vendas de vinil foi de 11,7% , que representa 5,9 milhões de unidades. Não se via um volume de vendas desse jeito desde a década de 90.


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Gráfico que mostra a receita (em dólar) do lucro da venda de discos de vinil ao longo dos anos fonte: Statista

Mas mesmo com esse aumento, a qualidade continua sendo inferior. Mais inferior ainda do que o CD, segundo o professor de música. Então a pergunta fica, por que consumir música de uma forma mais trabalhosa? A resposta não está na qualidade, mas sim na nostalgia. “Então tem uma coisa de estética que é bonita, que a gente quer rebuscar o vintage, a referência do passado, e isso é do caralho.” diz Pavan.


Na verdade, a resposta não está apenas na nostalgia, mas também na estética, na capa, nos rituais necessários para se ouvir uma única música. Mayara Santos, escritora no blog New Order, escreve que o relacionamento com a música muda quando ouvimos um disco de vinil: “Ouvimos música a todo o momento e nem sempre prestamos atenção no que está sendo reproduzido, o que torna o ato algo mecânico. Ouvir música em vinil exige atenção. Esta atenção estreita nosso relacionamento com o que ouvimos” .


Essa sensação não é exclusiva das pessoas que cresceram com o vinil. “Eu nasci no mundo da tecnologia. Tudo é muito rápido e aí gera uma percepção de aceleração e perda da história, perda da memória. Sei lá, tudo passa muito batido” diz Beatriz Fillier, 20.


Nem tudo é sobre qualidade, nem tudo precisa ter a melhor qualidade de todas para ser agradável e é sobre isso que a volta do vinil diz sobre a nossa sociedade. Em uma sociedade que cresce cada vez mais, onde tudo tem que ser melhor o tempo todo, algumas pessoas escolhem para, pensar e se conectar com algo que não seja seus celulares.


Mas não se engane, nem tudo é às mil maravilhas quantos se trata desse estilo de consumo de música. “Eu acho tão interessantes artistas que hoje em dia que ainda assim lançam em vinil. Por mais que seja superfaturado”.


Segundo Leandro Rodrigues, colunista do Uol, um disco de Vinil custa em média R$140 se forem discos nacionais, já se forem importados, chegam a custar mais de R$200. E como se isso não bastasse, ainda é necessário um toca-discos, mas não qualquer um, tem que ser um de qualidade.


O mais comum é ver pessoas comprando um toca-discos “barato” em formato de mala que chega a custar uns R$500, mas se ele não for bem-feito, existe a possibilidade de o braço ser muito pesado e acabar arranhando o disco ou diminuindo sua vida útil. Os modelos bons chegam a custar mais de 1 mil reais.





Tudo isso colabora para que a cultura do vinil lucre, mas não seja acessível para todos, principalmente em um país como o Brasil. Sim, tem espaço para os dois tipos de áudio no mundo atual, sem dúvida nenhuma.


Por isso, a discussão sobre qualidade não faz tanto sentido assim e deve haver espaço para os dois tipos de mídia, pois como Pavan lembra:” O importante é a pessoa conseguir ouvir música para só ter acesso, se imagina um cara que, mora em uma favela, numa comunidade, ele precisar comprar um vinil e comprar um toca-discos desse tamanho para ter em casa, ouvir música bom, isso aí é sacanagem também.”

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